domingo, 2 de novembro de 2008

Novo Jornalismo – Quarto Poder?

Com o avanço da internet, da individualização do ser humano e o volume de informações a que temos acesso fica difícil distinguir qual é a importância de cada dado que lemos, vemos ou ouvimos na mídia.
Como toda verdade tem sempre dois lados, é importante questionar qual é a visão que a mídia passa sobre os fatos. Temos que nos questionar sempre.
Com esse volume de informações, a obrigação de sempre conhecer tudo que está acontecendo e ter uma opinião formada implica em pessoas inseguras com receio de ir contra ao que a massa pensa.
A teoria do Espiral do Silêncio prega que por receio de ir contra um pensamento global as pessoas se sentem coagidas a não dizer o que pensam. Quantas vezes será que nos calamos pela insegurança de ir contra ao que todos pensam?
Em épocas de ditadura militar e informação controlada, a contestação e a luta por um mundo melhor era mais aguçada na juventude que organizava congresso e batalhava por um ideal: a democracia.
Porém, mais uma vez confesso pensar que todo aquele movimento pró-democracia é fruto da mídia, pois um país democrático era o desejo daqueles que detinham este poder parcialmente silenciado pelos militares. Hoje, aqueles estudantes viraram grandes políticos, envolvidos em esquemas de corrupção e de roubo de dinheiro público. Como isto pode acontecer?
Além do silêncio, quantas vezes nos deixamos levar pelo sensacionalismo com que a mídia trata fatos do dia-a-dia. Recentemente, tivemos um exemplo interessante que tornou Eloá, Nayara e Lindeberg famosos. Por meio de um seqüestro, a tragédia que envolveu estes jovens paulistas comoveu o país pelo apelo com que foi tratado. Será que se a mídia estivesse longe do ocorrido o resultado seria diferente? Não há como saber, mas o fato é que todo mundo, de uma maneira ou de outra, passou a odiar Lindeberg.

Chico Buarque - Cálice


Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor, engolir a labuta
Mesmo calada a boca, resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta

Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa

De muito gorda a porca já não anda
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, pai, abrir a porta
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade
Mesmo calado o peito, resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade

Talvez o mundo não seja pequeno
Nem seja a vida um fato consumado
Quero inventar o meu próprio pecado
Quero morrer do meu próprio veneno
Quero perder de vez tua cabeça
Minha cabeça perder teu juízo
Quero cheirar fumaça de óleo diesel
Me embriagar até que alguém me esqueça

Um comentário:

Ly disse...

Dica de leitura...Textos ácidos e sarcásticos, pra quem quer ficar por dentro dos assuntos políticos e dos últimos acontecimentos de forma leve.


www.mosaicodelama.blogspot.com

Boa leitura!